c|~| c|~| Que tal um café quente com uma rapadura docinha?


Bem-vindos ao ~Café Com RapaDura~, uma nova coluna na nossa revista onde abrimos uma janela fora do tema da edição para arejar as ideias... é aquela ida à cozinha para abrir a geladeira e ver o que há...
Na estreia, Rafael Morais escreve sobre o último trabalho lançado por Norah Jones e Camila Fontenele sobre a biografia de Patti Smith. Boa leitura.


— Os Editores


Norah Jones e suas perspectivas sonoras ~ por Rafael Morais


O álbum ...Featuring (2010), de Norah Jones, é uma boa pedida para os ecléticos. As 15 faixas do disco passeiam entre estilos como o jazz, soft rock, country e até mesmo bossa nova. A coletânea reúne músicas em projetos nos quais a cantora e pianista Norah Jones participou com outros artistas, além de projetos próprios. Entre os artistas, estão Foo Fighters, Belle & Sebastian, Ray Charles, OutKast, Ryan Adams, entre outros.

A versatilidade de Norah é comprovada durante todo o álbum, surpreendendo o ouvinte ao passar das faixas. Alguns destaques do CD são: “Virginia Moon”, “Little Lou, Prophet Jack, Ugly John”, “The Best Part”, “Ruler of My Heart” e “Here We Go Again”. A banda El Madmo, na qual a musicista toca guitarra, também está em ...Featuring, mostrando ao ouvinte o lado mais roqueiro da artista. Durante o disco, não tem como não se surpreender com a variedade das faixas. Momentos de alegria e melancolia se alternam o tempo todo, tornando o disco um verdadeiro baú de canções para todos os gostos e humores.

...Featuring certamente não soa como uma coletânea, apesar de ser. O álbum parece mais com uma releitura da carreira de Norah, que pareceu se preocupar em revelar ao público todo o seu ecletismo e versatilidade musical. Um álbum que certamente vale o play.

***

Patti Smith, poema sonoro de uma viagem sem fim ~ por Camila Fontenele 

Dias atrás tive a oportunidade de pegar emprestado o livro da Patti Smith, Só Garotos, confesso que nunca fui fã da cantora, mas no fundo havia uma admiração escondida pelo tal rock and roll tão “punk”. Foi aí que acabei indo contra os dias de cansaço e li tudo em uma semana. O que mais me encantou nesse livro é a poetização da vida de Patti Smith, ela descreve cada detalhe de uma forma inspiradora. Crescida numa família modesta de Nova Jersey, ela trabalhou em uma fábrica e entregou seu primeiro filho para adoção, antes de se mandar para Nova York, com vinte anos, um livro de Rimbaud na mala e nada no bolso. Contou com a boa sorte de encontrar uma carteira com dinheiro no telefone público e partiu de vez, passou a noite em algumas ruas, dividiu comida com um mendigo, trabalhou e chegou a dormir em algumas livrarias.

A história cria um charme a mais quando ela conhece um jovem de cachos e magro, seu primeiro amor e talvez o único — o futuro fotógrafo Robert Mapplethorpe. O amadurecimento artístico de ambos viria aos poucos, ele com seu olhar ousado na criação das suas imagens descobrira o nu e ela com seus intensos poemas. 

Costumavam trabalhar juntos à noite e ao som de algum vinil — “Ansiava por entrar na fraternidade dos artistas: a fome, o modo de vestir, o processo e as orações. Eu me gabava de que um dia seria amante de um artista. Nada parecia mais romântico para minha cabeça de jovem. Eu me imaginava como Frida para Diego, muda e criadora. Sonhava em conhecer um artista para amar e apoiar e trabalhar lado a lado.”

Sua relação com Mapplethorpe era muito peculiar, principalmente quando ele se assume gay. O amava e a relação deles era de puro companheirismo, um aceitara o outro independente da condição e por mais que isso lhe causasse algum tipo de dor. Tiveram a chance de manter contato com grandes estrelas do rock como Jimi Hendrix e Janis Joplin no festival de Woodstock de 69, um momento jamais esquecido por Patti e Robert. Aquela década mostrou o quanto era bom e ruim ser artista, no entanto, o mais importante era nunca desistir.

Patti Smith 1986 – por Robert
Patti não escondia sua paixão pelo Bob Dylan, Frida Kahlo e Diego Riviera, que juntamente com Jimi, Morrison e Janis foram grandes influenciadores de sua vida. Após a escrita, tentou o teatro, nada promissor. Resolveu escutar Robert, escreveria suas próprias canções e com ajuda de outros artistas começara a se apresentar em bares, por muitas vezes não ganhava nada, mas se tornava conhecida pelo seu som único. 

O livro Só Garotos embriaga de tanto amor quem o lê, é poético na medida certa e como citei no começo é possível terminá-lo em uma semana. Só uma dica, cuidado para não criar coragem demais e querer voltar no tempo, ou melhor, revolucione o mundo de agora com essa leitura fica claro que isso é possível! 

“O que é alma? De que cor que ela é? Eu desconfiava de que minha alma, travessa, podia fugir enquanto eu sonhava e não conseguia mais voltar. Fazia de tudo para não pegar no sono, para manter a alma dentro de mim, onde era seu lugar.”

Fora o livro com essa história do casal que se conheceu no verão do amor, indico as fotos de Robert Mapplethorpe que é possível conferir pelo site: www.mapplethorpe.org e a discografia da Patti Smith, principalmente o álbum Horses.




c|~| com rapadura



A coluna Café Com RapaDura dá as caras por aqui todo dia 15, às 16h. Sorva sem moderação.

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