Há fronteiras menos visíveis que outras e mais perto do que se imagina...


(Deserto do Atacama, Chile)


Dizem por aí que vivemos num mundo “sem fronteiras.” Na verdade, não. Vivemos em um mundo em que elas são cada vez mais transpassadas, diáfanas e, principalmente, próximas uma das outras. Isto se deve aos anos 90, com as redefinições geopolíticas ocorridas naquela década e à consolidação da Internet. De fato, ambos os fenômenos auxiliaram a encurtar as distâncias e possibilitaram um maior contato e interação entre nós, porém se há algo a que somos constantemente expostos e confrontados, mesmo que inconscientemente, é ao conceito de fronteiras — desde suas formas mais banais e explícitas como as de nossa casa, nosso bairro, estado ou país, até as mais subjetivas como as de saudade, de arte, de cultura e de identidade. (Se isso é viver sem fronteiras, o que quer dizer viver 'com', né?)

Eleger fronteiras como um tema, propõe oferecer matéria diversa para que seja desenvolvido parte do mosaico de interpretações que tanto gostamos em nossa revista.
E para abrir este número e, ao mesmo tempo, dialogar com nossa edição anterior, ângela mascelani nos apresenta alguns dos artistas populares do Vale do Jequitinhonha; parte do processo criativo de cada um, seus esforços em inventar, repetir e refazer e assim: “Ser o outro sendo inteiramente si mesmo.”.

As atuais convulsões políticas e sociais se mostraram de extrema importância para a questão dos limites nacionais e o antropólogo roberto salviani, italiano radicado em nosso país, relata as diferenças e semelhanças entre as discussões fronteiriças no Brasil e na Europa.

Nas artes, talvez seja o cinema o palco privilegiado para a representação (e o debate) dos conflitos que ocorrem a todo instante no mundo. Hoje, diversos autores tem se fixado em colocar o tema da imigração em questão. Dois desses serão analisados aqui: o tunisiano Abdellatif Kechiche e o turco, Fatih Akin, no texto do nosso editor christian fischgold.

álvaro marins nos apresenta a resenha sobre o filme “Olhos Azuis”, de José Joffily, sobre a situação de alguns imigrantes latinos em um aeroporto norte-americano. No mesmo compasso, são as impressões que fizemos sobre o filme: “Um dia sem mexicanos”, com temática similar, porém cômica da mesma questão. 

E mais: daniele ellery, analisa a identidade cultural de estudantes africanos de países como Cabo Verde e Guiné Bissau, que lutam com a saudade do país de origem, mas quando retornam sentem a nostalgia do que deixaram da experiência no Brasil.  
Ainda no campo dos sentimentos do imigrante, temos o relato da experiência vivida em Portugal por regina rangel, que viveu em Lisboa às vésperas da Revolução dos Cravos.

E qual a fronteira que separa um punk anarquista de um professor universitário? Em breves cenas de uma arte sequencial, pierre calcado nos faz rir (?) e refletir sobre o inusitado da questão. E a vida no colégio? thais pármera escreve sobre as divisões territoriais comuns do cotidiano escolar, que podem ser tão selvagens como um tabuleiro de War®, que fez gisele almérida relembrar, através de uma crônica, um recente episódio envolvendo o jogo e que ganhou destaque nas mais variadas mídias.

Como não poderia deixar de ser, também temos promoção nesta edição. Neste mês vem em dose dupla! Com o apoio do Grupo Editorial Record sortearemos a graphic novel e o romance “Cowboys & Aliens” e quem assina algumas breves palavras sobre as obras é josé alexandre oliveira, professor, músico e entusiasta da “nona arte”.

Quase por último, mas não menos importante, o jornalista e escritor daniel russell ribas escreve sobre ghostwriters, a fronteira invisível que separa o nome da capa de um livro e seu real autor. E nosso outro editor, mauro siqueira, comete a audácia de transpor limites ao redigir um pequeno conto com certo autor argentino. 

É não é só!!! Uma ou outra surpresa pode surgir, como algumas funcionalidades no site, outras promoções e a principal já começa agora: a partir desta edição teremos a colaboração preciosa da publicitária Camila Fontenele de Miranda à frente das nossas redes sociais. Camila é de Sorocaba, fotógrafa e a consumidora mais ávida de café que conhecemos.

É isto. Fiquem à vontade. Boa Leitura.

Os editores

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