Bem-vindos ao ~Café Com RapaDura~, uma nova coluna na nossa revista onde abrimos uma janela fora do tema da edição para arejar as ideias... é aquela ida à cozinha para abrir a geladeira e ver o que há...
Na estreia, Rafael Morais escreve sobre o último trabalho lançado por Norah Jones e Camila Fontenele sobre a biografia de Patti Smith. Boa leitura.
— Os Editores
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Norah Jones e suas perspectivas sonoras ~ por Rafael Morais
O álbum ...Featuring (2010), de Norah Jones, é uma boa pedida para os ecléticos. As 15 faixas do disco passeiam entre estilos como o jazz, soft rock, country e até mesmo bossa nova. A coletânea reúne músicas em projetos nos quais a cantora e pianista Norah Jones participou com outros artistas, além de projetos próprios. Entre os artistas, estão Foo Fighters, Belle & Sebastian, Ray Charles, OutKast, Ryan Adams, entre outros.
A versatilidade de Norah é comprovada durante todo o álbum, surpreendendo o ouvinte ao passar das faixas. Alguns destaques do CD são: “Virginia Moon”, “Little Lou, Prophet Jack, Ugly John”, “The Best Part”, “Ruler of My Heart” e “Here We Go Again”. A banda El Madmo, na qual a musicista toca guitarra, também está em ...Featuring, mostrando ao ouvinte o lado mais roqueiro da artista. Durante o disco, não tem como não se surpreender com a variedade das faixas. Momentos de alegria e melancolia se alternam o tempo todo, tornando o disco um verdadeiro baú de canções para todos os gostos e humores.
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Patti Smith, poema sonoro de uma viagem sem fim ~ por Camila Fontenele

A história cria um charme a mais quando ela conhece um jovem de cachos e magro, seu primeiro amor e talvez o único — o futuro fotógrafo Robert Mapplethorpe. O amadurecimento artístico de ambos viria aos poucos, ele com seu olhar ousado na criação das suas imagens descobrira o nu e ela com seus intensos poemas.
Costumavam trabalhar juntos à noite e ao som de algum vinil — “Ansiava por entrar na fraternidade dos artistas: a fome, o modo de vestir, o processo e as orações. Eu me gabava de que um dia seria amante de um artista. Nada parecia mais romântico para minha cabeça de jovem. Eu me imaginava como Frida para Diego, muda e criadora. Sonhava em conhecer um artista para amar e apoiar e trabalhar lado a lado.”
Sua relação com Mapplethorpe era muito peculiar, principalmente quando ele se assume gay. O amava e a relação deles era de puro companheirismo, um aceitara o outro independente da condição e por mais que isso lhe causasse algum tipo de dor. Tiveram a chance de manter contato com grandes estrelas do rock como Jimi Hendrix e Janis Joplin no festival de Woodstock de 69, um momento jamais esquecido por Patti e Robert. Aquela década mostrou o quanto era bom e ruim ser artista, no entanto, o mais importante era nunca desistir.
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Patti Smith 1986 – por Robert |
Patti não escondia sua paixão pelo Bob Dylan, Frida Kahlo e Diego Riviera, que juntamente com Jimi, Morrison e Janis foram grandes influenciadores de sua vida. Após a escrita, tentou o teatro, nada promissor. Resolveu escutar Robert, escreveria suas próprias canções e com ajuda de outros artistas começara a se apresentar em bares, por muitas vezes não ganhava nada, mas se tornava conhecida pelo seu som único.

“O que é alma? De que cor que ela é? Eu desconfiava de que minha alma, travessa, podia fugir enquanto eu sonhava e não conseguia mais voltar. Fazia de tudo para não pegar no sono, para manter a alma dentro de mim, onde era seu lugar.”
Fora o livro com essa história do casal que se conheceu no verão do amor, indico as fotos de Robert Mapplethorpe que é possível conferir pelo site: www.mapplethorpe.org e a discografia da Patti Smith, principalmente o álbum Horses.
c|~| com rapadura
A coluna Café Com RapaDura dá as caras por aqui todo dia 15, às 16h. Sorva sem moderação.