Lendas da amazônia peruana

O Chullachaqui

Nunca caminhe sozinho pela selva, é o aviso mais conhecido por estas bandas solitárias. Existem muitos mitos sobre as almas, fantasmas e outras entidades, mas não foi sempre assim até décadas atrás, quando começou a se popularizar a existência deste espírito.  Na floresta solitária encontra-se um espírito maligno, que viaja pelo deserto com uma assombrosa velocidade, observando quem será sua próxima vítima. 
Esta lenda é muito viva atualmente, porque muitos jovens de aldeias próximas desapareceram, diz-se, como consequência deste elfo espectral. O Chullachaqui foi um homem que, convertido em espírito, foi castigado pelas forças da natureza por haver servido ao diabo. A punição foi a deformidade de seu corpo e por isso, suas pernas tem a peculiaridade de serem opostas. Alguns dizem que tem um pé normal e outro completamente dobrado e purulento. Outros dizem que suas pernas são como as das cabras.


Seu nome vem da palavra quíchua "Chulla” = único, e "Chaqui” = pé.

Geralmente se apresenta para aqueles que andam nas trilhas sozinho. Segundo a tradição popular, algumas vezes, apresenta-se de maneira amistosa e oferecendo presentes da floresta,  desde que não diga a origem de sua fortuna; outras vezes aparece agressivo.
Algumas das principais características desta criatura, segundo a mitologia amazônica, é a sua capacidade de imitar, adquirindo a forma humana ou não humana que deseja. Além disso, tem um andar manco, resultado da assimetria dos pés. Diz-se que, em circunstâncias muito especiais, sai da floresta para encontrar pessoas ingênuas ou em excursão, que ao serem enfeitiçadas são levados para lugares desconhecidos e nunca mais se ouve falar delas.



La yacumama – Mãe das águas



La yacumama sucuri gigante, que encarna o espírito protetor do rio Amazonas, que habita as profundezas dos rios e afluentes lagos. Alimenta-se de animais aquáticos, sem causar prejuízo para o sistema ecológico. Raramente sobe à superfície e é nessa ocasião que pode

causar danos irreparáveis ​​aos barcos e passageiros, fazendo naufragar a embarcação afogando e comendo-os.
Diz-se que ao emergir o animal produz um redemoinho enorme, ondas grandes e raras nos rios e lagos, expondo sua enorme cabeça que repousa sobre um pescoço que fica a uma altura de quatro metros, deslocando-a pelo meio do rio e  pelas margens, mergulhando de trecho em trecho, até que no final submerge para não mais voltar a aparecer. Em outras ocasiões, o animal aparece na superfície e permanece na água, atravessado de um lado a outro do rio, causando o efeito de uma árvore gigante caída que represa a água, formando correntes perigosas para a navegação. Vive nas áreas baixas e planícies da selva peruana.

***

Nas profundezas de um bosque impenetrável por sua exuberante vegetação, havia um lago muito pouco conhecido para os que viviam nas proximidades desse lugar. Simulava ser muito tranquilo, pacífico, em suma, um paraíso de paz, mas infelizmente era o oposto. Assim afirmou quem havia chegado lá, sabendo que ele tinha uma "mãe" e ela zelosamente cuidava desse lugar, perseguindo implacavelmente quem, infelizmente, se atrevia a pescar em suas águas.Então um dia um pescador seguiu o curso de um riacho que o levou até lá. Desde o primeiro momento que viu o lago, ele sentiu-se feliz, pois pensou ser o primeiro a chegar e que poderia finalmente fazer uma "pesca milagrosa", neste lago esquecido, que deveria estar cheio de peixes. Infelizmente, ao entrar no lago, a primeira coisa que fez foi encontrar um lugar para descarregar suas redes de arrasto e, embora tenha ficado intrigado com o movimento da água, seguiu remando confiante, mas o balanço contínuo de sua canoa, continuou preocupando-o até sentir que algo saía do fundo do lago. Rapidamente voltou para descobrir o que era, e viu uma cabeça terrível, suspensa quase um metro acima da superfície da água, movendo sua figura monstruosa de orelhas grandes e mostrando sua língua pontiaguda e afiada.Imediatamente virou a canoa, enfiou a remo vigorosamente até o fundo da água para melhor impulsionar, mas para piorar as coisas, percebeu que as plantas da margem  do rio vieram em sua direção, bloqueando a passagem como se obedecessem a não sei que designo; Terrivelmente assustado, virou a cabeça para ver o que estava acontecendo com o animal e descobriu que ela o perseguia a toda velocidade. Nesse momento, aterrorizado, levantou os olhos ao céu e clamou ajuda a Deus Todo-Poderoso, convencido de que ele não podia fazer nada para escapar com vida deste monstro do lago. E realmente, o Senhor ouviu sua oração, porque, inexplicavelmente, caiu no lago quatro sachavacas (antas) lutando e mordendo como, produzindo um ruído tremendo. Esse barulho terrível assustou a serpente, que não era outra coisa que a Yacumama terrível, que rapidamente afundou no lago. Incompreensivelmente, as plantas aquáticas também retornaram à sua posição original e tudo ficou calmo, pois até as antas fugiram ao ver a Yacumama. O pescador percebeu surpreso tudo o que aconteceu. Não quis perder mais um segundo, e afastou-se deste lago escuro, antes que a Yacumama o perseguisse novamente. Lamentavelmente não levou um único peixe, porque a mãe desse lago não quis lhe dar os seus pacus, sardinhas, bujurquis, tainha e gamitanas.

Conta-se a respeito que quando uma pessoa comum se aproxima e penetra nesses lagos encantados, uma tempestade irrompe inesperadamente que faz virar o barco e  a pessoa se afogar, irremediavelmente.



Texto de Marco Hosto, tradução para o português por Christian Fischgold.





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